Contar com um bom seguro de carga é fundamental para reduzir os riscos operacionais das empresas do setor de transporte e logística. Afinal, a atividade está exposta a diversos perigos potenciais, como ações criminosas que resultam em roubo e furto de mercadorias ou mesmo acidentes em função das más condições de conservação das rodovias.
Assim, esse produto representa maior segurança tanto para o transportador quanto para o embarcador das mercadorias. Ao contratar o serviço, a empresa passa a contar com maior proteção contra perdas e danos à carga, além de problemas com o veículo, motorista e terceiros.
A contratação de seguro de responsabilidade civil é obrigatória. No entanto, existem modalidades de cobertura diferentes, de acordo com a carga transportada, a frota e a abrangência (nacional ou internacional). Quer conhecer mais detalhes sobre isso e os benefícios do seguro de cargas? Confira nosso guia completo!
Existe mais de um tipo de seguro de cargas, sendo que alguns deles são obrigatórios. É o caso do RCTR-C (Responsabilidade Civil Transportador Rodoviário de Cargas), que todas as empresas registradas na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) devem ter, e do Seguro de Transporte Nacional, que é contratado pelo proprietário da carga.
Além deles, há outras modalidades de seguro, que detalharemos mais abaixo. Para decidir pela contratação de cada uma delas, é necessário considerar algumas variáveis, como região que o veículo percorrerá e as características da mercadoria a ser transportada (algumas são mais frágeis ou visadas por agentes criminosos, por exemplo).
De qualquer forma, a proteção é sempre fundamental. Confira algumas vantagens da contratação do seguro de cargas.
O conjunto de medidas preventivas adotadas com o objetivo de reduzir os riscos no transporte é chamado de gerenciamento de riscos. Essa é uma das etapas mais importantes para a segurança na gestão de frotas, incluindo ações como roteirização das entregas, monitoramento de cargas, identificação de melhores percursos, entre outros.
Na verdade, um bom trabalho de gerenciamento de riscos é um complemento do seguro de carga. Afinal, por meio dessa prática, é possível reduzir a ocorrência de situações potencialmente críticas, diminuindo, com isso, o valor da apólice.
Um exemplo de bom resultado da gestão de riscos, com impacto no seguro da carga, é a seleção de rotas mais seguras, que diminui a exposição do veículo, do motorista e das mercadorias transportadas a imprevistos e conflitos.
Esse trabalho de avaliação de riscos também proporciona outros benefícios, como redução do tempo de entrega, diminuição de problemas mecânicos nos veículos e menor necessidade de custear despesas decorrentes de indenizações, entre outros.
Outro benefício do seguro é garantir a cobertura de despesas decorrentes de acidentes, desde a indenização de danos causados a terceiros até problemas relativos ao reparo no veículo que tenha se envolvido em uma situação crítica. Isso inclui danos e perdas decorrentes de colisão, capotamento e tombamento, entre outros.
A contratação de um seguro abrangendo toda a frota permite maior flexibilidade para inclusão de veículos e de riscos.
Em algumas situações, dependendo do tipo e das características do veículo, o seguro feito individualmente poderia demandar um investimento maior. No entanto, ao fazer a contratação para toda a frota, as seguradoras tendem a reduzir as restrições.
A baixa no custo de contratação também decorre do fato de que a seguradora terá mais informações sobre a frota, rotas e mercadorias com que a empresa trabalha, além do seu histórico de exposição a riscos e das boas práticas de prevenção adotadas.
Esse é um dos benefícios que fazem parte do trabalho de gestão de riscos. Quanto mais bem preparados estão os motoristas, menor a probabilidade de acidentes ou outros problemas nas estradas. Da mesma maneira, maiores a segurança da carga e a agilidade na entrega.
Esse trabalho de capacitação nem sempre faz parte do produto contratado. Porém, muitas seguradoras oferecem o benefício para reduzir a quantidade de sinistros.
Para as transportadoras, além de evitar transtornos com a perda dos produtos transportados e a necessidade de interrupção de uso do veículo, a vantagem é que o motorista desenvolverá maior habilidade para adotar medidas preventivas em situações de emergência.
Com a qualificação profissional e as ferramentas utilizadas para a gestão de riscos, os motoristas passam a desempenhar a função de maneira mais eficiente e segura, o que reduz a sua exposição a acidentes e seus desdobramentos. Além disso, com a carga protegida pelo seguro, a possibilidade de reação a eventuais ações criminosas é menor, o que eleva a segurança.
Com o seguro, caso ocorra um sinistro, sua carga está protegida. Além disso, a apólice cobre danos aos veículos causados por acidentes, assim como gastos relacionados à responsabilidade civil.
Ou seja, problemas como roubo do veículo ou de mercadorias, atraso na entrega decorrente de tais situações, cobertura de despesas (inclusive de terceiros) em caso de acidentes, entre outros aspectos que encarecem a operação, são cobertos pelo seguro.
Ainda, vale destacar que a capacitação dos motoristas, aliada ao monitoramento da frota, contribui para a redução de despesas diversas, desde aquelas decorrentes da interrupção da operação em função de um acidente até a redução da necessidade de manutenções corretivas, uma vez que o condutor saberá agir e identificar panes antes mesmo de elas acontecerem.
Independentemente de obrigatoriedade, o seguro da carga é essencial, especialmente em função da precariedade das estradas nacionais. Além de problemas na infraestrutura da pista, que comprometem a segurança, outras situações colocam os motoristas, veículos e mercadorias em risco.
De acordo com dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), em 2018, ocorreram mais de 22 mil ações criminosas no país. A pequena redução do índice em relação ao ano anterior não significa um alento ao setor de transporte — pelo contrário, é uma mostra da queda na atividade econômica.
Afinal, com a menor movimentação de cargas, a quantidade de ocorrências também diminuiu. Aliás, em 2018, data dos últimos dados disponibilizados pela entidade, o setor de transporte viveu um momento bastante complexo, com a paralisação dos caminhoneiros no mês de maio e reflexos da retração da economia.
Diante desse cenário, o volume de ações criminosas é bastante preocupante. Os dados da NTC demonstram que o prejuízo ao setor alcançou mais de R$ 1,47 bilhão.
Em algumas regiões, a quantidade de ocorrências é ainda mais preocupante. O Sudeste, por exemplo, concentrou 84,79% dos casos. Um dos estados mais afetados da região foi o Rio de Janeiro, com 41,39%, seguido por São Paulo, com índice ligeiramente menor (39,39%).
Apesar de a região Sudeste ser a que apresenta a maior quantidade de riscos, o perigo para as cargas (e, consequentemente, para os motoristas e veículos) é registrado em todo o país. Além disso, é importante considerar que os caminhões, muitas vezes, atravessam o Brasil de norte a sul.
Assim, mesmo que a origem ou destino da mercadoria não seja uma das regiões mais críticas, o risco de passar por uma delas em meio às rotas de entrega é grande. Aliás, um dado relevante detectado pelo estudo da NTC é de que 78% dos assaltos ocorrem em áreas urbanas e apenas 22% em rodovias.
Como o modal rodoviário é um dos mais utilizados para o transporte de cargas no país, representando 61% de todo o escoamento de produtos, muitas vezes, as mercadorias precisam viajar por várias estradas nacionais e diversas cidades para chegar ao destino.
Outro fator de preocupação é o tipo de produto transportado. Afinal, algumas mercadorias são mais visadas pelos agentes criminosos. Entre os itens que registram maior quantidade de roubos, estão cigarros, combustíveis, bebidas, eletrodomésticos, alimentos, artigos farmacêuticos, produtos químicos, autopeças e têxteis. Normalmente, o intuito dos criminosos é o contrabando e a venda irregular dessas mercadorias.
Em alguns casos, como os combustíveis, os roubos são seguidos de fraude, como a adulteração do produto. Ou seja, os criminosos levam uma carga de gasolina, por exemplo, e a adulteram com solventes, metanol ou outros compostos químicos, a fim de aumentar o seu volume e lucrar ainda mais com o crime.
Quando um roubo de cargas ocorre, normalmente, o caminhão também é subtraído. Embora, em muitos casos, ele possa ser recuperado, a situação sempre representa um enorme transtorno para o transportador, sem contar os episódios de violência que atingem os motoristas, causando vários transtornos, como o afastamento do profissional para recuperação e tratamento médico e psicológico.
Outro problema significativo, que compromete a segurança de motoristas, veículos e, consequentemente, suas cargas, é a precariedade da infraestrutura rodoviária nacional. O sucateamento das pistas, a ausência de equipamentos adequados de segurança, como defensas metálicas instaladas de forma correta, e a falta de sinalização são grandes causadores de acidentes.
Outro estudo da NTC, relacionado à elevação do preço do asfalto e do petróleo, demonstra o impacto disso no custo dos serviços de manutenção das vias. Segundo o trabalho, o preço do asfalto aumentou 27% entre os meses de outubro de 2018 e fevereiro de 2019. Como consequência, houve queda nas obras de pavimentação de vias.
Além desse problema, em um levantamento realizado em parceria com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), a NTC também apontou que 57% das estradas nacionais apresentam alguma falha estrutural. Nesse estudo, foram analisadas as condições de diversas rodovias em todo o Brasil, totalizando mais de 107 mil quilômetros.
As principais falhas, que podem trazer várias consequências aos veículos que circulam nas vias, são:
Vale explicar que os pontos críticos considerados no estudo englobam buracos, erosões na pista, queda de barreiras, queda de pontes, entre outros. Tais condições elevam de forma significativa os custos operacionais do transporte. Afinal, além do risco aumentado de acidentes, podem ocorrer panes mecânicas, atraso nas entregas, maior consumo de combustíveis e elevação do desgaste de peças, entre outros.
Conforme dados divulgados pela CNT em 2018, o total de rodovias pavimentadas no Brasil alcança pouco mais de 213 mil quilômetros, sendo que mais de 1,3 milhão de quilômetros rodoviários carecem de condições adequadas.
Já a frota de caminhões, segundo dados de agosto de 2018, era de mais de 2,7 milhões de unidades. Na mesma data, havia quase 150 mil empresas transportadoras de cargas em operação no país.
Esses números demonstram que o sistema viário atual está sobrecarregado, o que, infelizmente, acaba se refletindo na elevação dos índices de acidentes. Apenas para ilustrar, em 2017, os acidentes decorrentes da precariedade das estradas causaram um prejuízo estimado em cerca de R$ 10,77 bilhões.
Além da precariedade da infraestrutura e dos elevados índices de roubos, há outro problema preocupante nas rodovias brasileiras: a fala de pontos de parada e descanso para o motorista.
Além da obrigatoriedade legal de cumprir a jornada de trabalho e o período de descanso, previsto pela Lei 13.103/2015, a pausa do condutor é fundamental para preservar a segurança rodoviária. Afinal, depois de algum tempo na direção, a concentração tende a ser menor, o que compromete os reflexos e pode levar à ocorrência de acidentes.
No entanto, ainda existem poucos locais no país adequados para essa pausa. Segundo a legislação, os pontos de parada e descanso devem obedecer a uma série de regras, como estacionamento protegido, sanitários e chuveiros (masculinos e femininos) em quantidade suficiente e proporcional ao número de vagas, refeitório e restaurante, entre outros.
Muitos postos de combustíveis enxergaram nessa legislação, inicialmente, uma oportunidade de atrair e fidelizar novos clientes. No entanto, diante dos altos custos para a adequação de infraestrutura, grande parte dos interessados postergou os investimentos, restando à iniciativa pública criar os pontos de parada. Como resultado, na maior parte das estradas, existe uma grande carência de locais seguros para descanso.
Isso faz com que o motorista permaneça na condução do veículo por mais tempo do que o recomendado, o que aumenta o risco de acidentes por causa do cansaço e falta de concentração ou leva a paradas em locais inadequados, com baixas condições de segurança, propiciando a ação de criminosos.
Como já mencionamos, existem seguros que são obrigatórios para o serviço de transporte de cargas. Outras modalidades, na maior parte dos casos, são opcionais, embora recomendadas, em função de todas as razões e benefícios expostos. Confira quais são os tipos e características dos seguros indicados para o segmento!
Esse seguro, que garante o ressarcimento de indenizações por acidentes, tais como colisões, capotamentos, tombamentos, incêndios, explosões ou qualquer sinistro dessa natureza, é obrigatório para qualquer empresa transportadora que esteja registrada na ANTT, de acordo com o Decreto-Lei nº 73/1966 e o Decreto nº 61.867/1967.
Vale ressaltar que esse seguro, também conhecido como RC ou seguro obrigatório, abrange apenas danos e perdas decorrentes de acidentes com o veículo. Ou seja, ele exclui casos relacionados a roubos ou furtos. Assim, as demais modalidades também são essenciais para preservar a segurança e integridade do negócio, além de reduzir os custos operacionais.
Além disso, esse seguro é obrigatório para a emissão do CT-e e MDF-e, que exigem a informação do número da apólice de RCTR-C e averbação. A cobertura corresponde aos valores integrais dos bens ou mercadorias que tenham sido declarados nos conhecimentos de embarque, de acordo com o valor estabelecido como limite pela apólice contratada.
O seguro denominado RCF-DC cobre, especialmente, perdas decorrentes do roubo de mercadorias. Quando ocorre um furto, roubo ou qualquer situação que resulte no desaparecimento da carga, é ele que garante o ressarcimento.
Esse seguro só pode ser contratado por quem já tem o RCTR-C ou por quem faz os dois produtos de forma simultânea. Além disso, uma das regras para o ressarcimento é que o veículo seja roubado com a carga transportada. Normalmente, para que a contratação seja aprovada, as seguradoras exigem que as transportadoras adotem práticas para gerenciamento de riscos.
Também obrigatório, esse seguro é contratado pelo dono da carga, ou embarcador. Ele garante o ressarcimento de danos às mercadorias dentro do território nacional.
A contratação da cobertura depende de algumas variáveis, como as características da mercadoria e seu grau de risco (analisado de acordo com os índices de produtos mais visados para roubos ou pelo potencial de perdas, no caso de itens perecíveis). Como existe uma grande variedade de apólices, o custo desse seguro depende da característica das cargas e da operação.
O RCTR-VI deve ser contratado pelo transportador cujas entregas dependam de viagens internacionais. Esse seguro garante a cobertura de eventos como furtos, roubos, extravios e outros danos que possam ocorrer às mercadorias durante a sua rota até o destino.
Além desta contratação ser obrigatória em algumas zonas de comércio, é fundamental também analisar os riscos envolvidos e as condições negociadas entre importador e exportador em seus acordos comerciais. Afinal, perdas, atrasos ou mesmo inconsistências nas entregas representam prejuízos significativos para toda a cadeia de suprimentos.
O RR normalmente é contratado pelo embarcador, arcando com a cobertura de colisões, acidentes, roubos e furtos, entre outros sinistros.
Embora não se trate de um produto específico para garantir a segurança da carga, o seguro da frota garante a assistência em caso de pane ou acidente, além dos chamados lucros cessantes, ou seja, uma espécie de indenização pelo tempo em que o veículo fica parado na oficina para manutenção e reparo.
Como você pôde perceber pela leitura de nosso artigo, o seguro de cargas é fundamental para as empresas que desejam reduzir custos e aumentar a competitividade. Embora, inicialmente, a contratação dos serviços represente uma despesa extra, a segurança proporcionada não tem preço.
Imagine a quantidade de problemas decorrentes de um acidente (ou roubo de cargas) em uma estrada. Além do elemento humano envolvido — ou seja, as pessoas afetadas diretamente pela situação, que necessitam de atendimento e, muitas vezes, indenizações —, as mercadorias podem ser danificadas ou mesmo perdidas. Isso sem contar atrasos nas entregas e outros problemas semelhantes.
Por essa razão, a cobertura adequada é fundamental para promover maior segurança à sua operação, além de reduzir perdas e minimizar situações de conflito que possam resultar de eventuais sinistros.
Para analisar se a seguradora opera de forma regularizada, é importante consultar a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e verificar se a empresa está credenciada.
Além disso, é preciso considerar que os valores dos seguros dependem de variáveis como a operação, as características dos veículos e das mercadorias, a área de atuação e a própria condição de manutenção da frota.
Uma estratégia para reduzir os custos com seguros das empresas que atuam no setor de transporte é investir em ferramentas para gestão de riscos. Os sistemas para rastreamento de frotas e a definição de rotas inteligentes e meios que permitam a localização das cargas, em tempo real, são essenciais.
Hoje, para se manterem competitivas no mercado, reduzindo custos operacionais e promovendo a elevação de sua eficiência, as empresas de logística precisam investir em tecnologia e meios adequados de controle.
Isso reduz custos com armazenamento, facilita as rotinas de manutenção dos veículos, direciona treinamentos, simplifica rotas e contribui para a redução dos valores do seguro de carga.
Você já enfrentou alguma dificuldade por não ter contratado o seguro adequado ou precisou ser atendido pela seguradora em alguma situação específica? Deixe seu comentário abaixo e divida a sua experiência com outros leitores de nossa página!