A atividade logística tem diversos riscos que são naturais ao ambiente mercantil e às atribuições de um transportador. Além disso, entre os tipos de transporte de carga, existem ocasiões em que os materiais carregados são enquadrados como perigosos.
Uma perda financeira, por exemplo, pode ser recuperada com o tempo. Já os danos causados por produtos químicos têm consequências de grandes proporções na vida humana e no meio ambiente.
Por esse motivo, este artigo foi desenvolvido com o intuito de fornecer informações completas sobre o assunto. Continue lendo e saiba como tornar o seu processo mais seguro.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), órgão responsável pela infraestrutura de transportes no país, determina que os produtos de natureza perigosa são todos aqueles de origem química, biológica ou radiológica que são nocivos ao meio ambiente, à população e aos seus bens.
As regras em relação aos tipos de transporte de cargas perigosas foram alteradas por meio da Resolução 5.232/16, que expõe os produtos caracterizados como aqueles que produzem certos tipos de riscos.
Na nova norma, são apontadas mais de 3 mil mercadorias que podem gerar riscos à saúde, à segurança pública e ao meio ambiente. Antes dessa alteração, somente 90 produtos tinham essa sinalização. Dessa forma, a finalidade da instituição foi tornar o transporte desse tipo mais organizado e seguro.
Existem símbolos e placas que devem ser afixados nas embalagens e nos veículos que transportam materiais químicos. O painel de segurança é caracterizado por um quadrado na cor laranja que descreve o número de risco e o código ONU.
Já o rótulo de risco é composto por um losango na cor vermelha, informando o símbolo de risco e a classe/subclasse de risco.
Por medida de segurança, os produtos químicos são classificados de acordo com a sua natureza e com os tipos de danos que podem causar tanto para o ser humano quanto para o ambiente:
São substâncias que produzem grandes quantidades de gases e calor. Os exemplos mais comuns são a nitroglicerina e a pólvora.
Dispersam-se com facilidade no ar e, muitas vezes, não apresentam odor ou cor, como é o caso do gás de cozinha, do cloro e da amônia.
São produtos que geram uma reação de combustão quando em altas temperaturas. Esse é o exemplo de combustíveis como a gasolina, o álcool e o óleo diesel.
São substâncias que se tornam inflamáveis em contato com as chamas ou com a ocorrência de atrito, como o enxofre.
São materiais que podem liberar oxigênio e, portanto, são capazes de gerar incêndios causados por peróxido de hidrogênio (conhecido por água oxigenada).
São produtos químicos capazes de causar danos sérios à saúde, mesmo em pequenas quantidades. Um exemplo comum é o pesticida.
São utilizados na área industrial e até mesmo no setor hospitalar. Contudo, apresentam riscos, pois a energia liberada é invisível e, para a sua detecção, deve-se recorrer a aparelhos especializados. Somente a blindagem do contêiner garante que a radioatividade não se espalhe.
Em seu estado sólido ou líquido, esse tipo de material pode causar queimaduras se entrar em contato com a pele. Alguns exemplos são o ácido sulfúrico e o hidróxido de sódio (comumente chamado de soda cáustica).
Essa categoria engloba os produtos que, por diversas razões, não se enquadram nas demais classes. Podem-se citar como exemplo as baterias de lítio.
Ao planejar a transporte de produtos perigosos, é preciso verificar e providenciar os documentos certos. Veja quais são!
Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam);
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) é o principal órgão regulador do transporte rodoviário no Brasil. Por isso, toda movimentação por esse modal deve seguir as regras previstas pela agência.
No caso do transporte de cargas perigosas, isso é ainda mais importante. É a ANTT a responsável por classificar os produtos dessa forma, bem como por definir a documentação necessária ou como acontecerá a regulamentação.
Quando realizado de forma adequada, o transporte de cargas perigosas representa riscos mínimos para a população e o meio ambiente. Porém, o modal rodoviário está sujeito a acidentes que podem danificar os recipientes e ocasionar o seu vazamento.
O risco imediato é de explosões e incêndios, que podem assumir grandes proporções se ocorrerem em uma rodovia movimentada. Caso a substância não seja inflamável, o perigo mais frequente é a intoxicação de pessoas — seja por meio de inalação, seja por ingestão ou absorção cutânea.
Por fim, esses materiais representam ameaças para o meio ambiente, contaminando o solo, as plantações e os corpos de água. Frequentemente, o tombamento de carretas é o motivo principal para a ocorrência desse tipo de acidente, com consequências graves para a fauna e para a flora da região.
A legislação de trânsito é bastante rígida no que diz respeito à qualificação do motorista que trafega com substâncias químicas. Esse é um aspecto que deve ser considerado no momento de recrutar profissionais autônomos ou mesmo de contratar uma transportadora para prestar o serviço.
Anteriormente, a certificação dos condutores chamava-se Movimentação de Produtos Perigosos (MOPP). Contudo, a nomenclatura mudou para Transporte de Produtos Perigosos (TPP).
O curso é obrigatório e, geralmente, oferecido por instituições como o Serviço Social do Transporte (SEST) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT) em suas unidades estaduais.
O treinamento cobre disciplinas como:
As cargas perigosas precisam seguir regras específicas, criadas para assegurar que não prejudiquem as pessoas, instalações e construções físicas, o meio ambiente e o próprio condutor.
Entendê-las é essencial para que o transporte ocorra da melhor forma e longe de qualquer tipo de risco. Confira os principais cuidados.
Existem embalagens próprias para o armazenamento e transporte de cargas perigosas. Antes de tudo, é essencial que elas identifiquem de forma clara as características da mercadoria, o que engloba os seus respectivos símbolos e/ou marcações quanto aos riscos.
Cada categoria demanda um tipo diferente de proteção. Os materiais radioativos, por exemplo, exigem isolamento completo e vestimenta específica para o seu manuseio.
Já os combustíveis são transportados em tanques que previnem a oscilação da temperatura do líquido, para evitar a combustão. Enquanto isso, os gases devem ser mantidos comprimidos em seu estado, para prevenir a sua liberação acidental.
Além disso, as embalagens devem ter cor e volume que as deixem facilmente visíveis, evitando a possibilidade de que alguém as manuseie de forma descuidada, por engano.
Elas também precisam ser confeccionadas por materiais duradouros e resistentes, os quais são próprios para suportar as particularidades do produto contido.
Para reduzir a exposição às cargas perigosas, os locais por onde os veículos podem circular também são limitados, a fim de proteger regiões com população densa, reservatórios de água e reservas ecológicas.
Para efeito de controle, o expedidor dos produtos é encarregado de informar aos órgãos fiscalizadores quais são as rotas adotadas no transporte rodoviário.
Além disso, existem legislações estaduais e municipais que versam a respeito da circulação, tendo em vista que as autoridades responsáveis por cada vida do Brasil podem limitar sua utilização por caminhões ou demais veículos que realizam o transporte de mercadorias perigosas.
Também pode ocorrer a delimitação de áreas específicas para carga, descarga e estacionamento desses materiais.
O condutor nunca pode deixar de usar todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) exigidos para cada tipo de carga, tanto na hora do transporte quanto na manipulação. Além de ele estar sempre seguro caso ocorra algum acidente durante o trajeto, carga ou descarga, ainda fica isento de multa.
As sanções costumam ser aplicadas quando determinada norma destinada ao translado de certo tipo de mercadoria não é respeitada.
Os tipos de transporte de cargas perigosas devem ter o rótulo de risco, painel de segurança e o número ONU. É preciso que ambos estejam fixados em locais visíveis.
Desse jeito, simplificam a identificação do produto em caso de acidente, auxiliando nas operações de resgate e até mesmo na limpeza.
De acordo com a regulamentação, no veículo em que as cargas perigosas são transportadas, não pode haver nenhum outro tipo de mercadoria. Isso inclui medicamento, alimentos, qualquer produto destinado ao consumo humano ou animal.
Além disso, a regra estabelece que, enquanto o transporte desse tipo de carga for feito, o veículo não pode ser usado para o traslado de seres humanos e animais. Com isso, é permitida apenas a presença do condutor e de seus auxiliares.
Em caso de acidentes graves envolvendo cargas perigosas, é preciso estar preparado para tomar as devidas providências até que a ajuda especializada chegue para dar prestar socorro. Veja algumas práticas que devem ser implementadas nesse momento.
Em muitos casos em que ocorrem acidentes, nem sempre os outros motoristas que passam por aquele percurso entendem qual tipo de material está contido no veículo acidentado ou espalhado pela via, por exemplo.
Nessa hora, é essencial alertar os outros condutores, impedindo que eles se aproximem ou passem por cima do produto na pista, evitando a ocorrência de incêndios e outros problemas mais graves.
Outra medida fundamental nesse tipo de situação é comunicar o mais rapidamente possível aos órgãos competentes para tomar as devidas precauções para que os danos e riscos sejam minimizados.
Entre eles, estão: os bombeiros, a Polícia Rodoviária e demais agentes que administram a via, no caso de ela ser privatizada.
Os órgãos ambientais também devem ser acionados, principalmente se ocorrer o derramamento de produtos tóxicos perto de lavouras, rios ou outros locais que gerem um grande risco de contaminação do solo e das pessoas.
Quando as cargas líquidas forem derramadas, uma atitude recomendada e eficaz consiste em tentar neutralizar os seus efeitos. Isso pode ser feito por meio da cobertura da região com serragem, areia ou outros tipos de materiais alcalinos.
Caso a substância seja um líquido inflamável, por exemplo, essa ação reduz de forma efetiva as possibilidades de o material entrar em combustão e provocar danos mais sérios.
Por mais simples que um acidente pareça, o motorista precisa buscar por auxílio médico para comprovar que está tudo bem com a sua saúde.
Por exemplo: um contato rápido com substâncias radioativas ou a inalação de gases, mesmo que não causem nenhum problema na hora, podem trazer sérios riscos ao organismo.
Por isso, sempre que alguma coisa de errado ocorrer no manuseio de cargas perigosas, independentemente de sua natureza, busque ajuda médica o mais rapidamente possível.
Por causa dos riscos associados, é comum a ideia de que o transporte de cargas perigosas tem um “prazo de validade”. No entanto, se o caminhão tiver as características certas e todas as medidas forem tomadas, não há limitações legais em relação ao tempo de transporte.
No caso de um acidente, por outro lado, a atuação precisa acontecer o mais brevemente possível. Diante do risco de vazamento, apenas um minuto já pode ser suficiente para comprometer a integridade da carga e causar riscos de segurança.
É diferente das cargas vivas que, essas sim, têm limites específicos para garantir o bem-estar animal.
Em média, um vazamento de 10 minutos de líquidos inflamáveis, em condições normais de temperatura, já é capaz de dispersar uma grande nuvem química e até espalhar a explosão, caso ocorra.
Em certas condições, como diante de maior incidência de radiação solar ou acúmulo em poças dos produtos líquidos, o tempo de atuação é ainda menor. Também há variações em relação ao tipo de solo, à geometria ou inclinação da rodovia e outros fatores que possam tornar o processo menos seguro.
Como são muitas variáveis, é impossível determinar qual é o período que uma carga realmente aguenta, após um acidente, até que seja transferida. Por isso, uma atuação eficiente após uma ocorrência é tão importante.
Mesmo que não seja viável garantir a qualidade de forma completa, essa rapidez ajuda a diminuir os impactos.
Em nosso canal no Youtube temos um vídeo sobre o Transporte de Cargas Perigosas, que pode te ajudar a entender melhor como lidar com esse tipo de operação.
22 Comments
Muito bom o post, informações muito importantes para os envolvidos no transporte de cargas perigosas, dessa forma torna -se um transporte seguro para todos e inclusive para o meio ambiente, pois muitos acidentes ambientais poderão ser evitados se as práticas forem seguidas corretamente.
Bom dia, Carla! Como vai?
Agradeço pelo seu comentário! Realmente acreditamos que realizar os transportes de forma segura é fundamental para o ramo.
”Anteriormente, a certificação dos condutores chamava-se Movimentação de Produtos Perigosos (MOPP). Contudo, a nomenclatura mudou para Transporte de Produtos Perigosos (TPP).
O curso é obrigatório e, geralmente, oferecido por instituições como o Serviço Social do Transporte (SEST) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT) em suas unidades estaduais.”
Boa tarde! Gostaria de saber qual foi a fonte a qual vocês obtiveram essa informação?
Boa tarde, Claudia! Como vai?
De acordo com a Resolução 5848/2019 da ANTT, na Seção IV, Art. 20:
Espero ter ajudado! 🙂
Muito bom o post. Parabéns!
Bom dia, Alexandre.
Que bom que nosso conteúdo lhe foi útil. Acompanhe a Bsoft também pelo canal do youtube. Tem muito conteúdo legal por lá também.
Um abraço.
Possuo o Curso MOPP, mas ainda não foi incluso na minha CNH, porém o nome do curso mudou para TPP, o certificado que possuo ainda vale para incluir na CNH?
Bom dia, Rogerio! Tudo bem?
Se o curso estiver compatível com o que é exigido pelo Detran do seu estado, pode ser incluído sim.
Aproveitando, ontem publicamos um novo vídeo em nosso canal no Youtube, justamente sobre Transporte de Cargas Perigosas. Acredito que possa te ajudar em mais alguma dúvida que possa surgir. Para assistir, basta clicar aqui.
Obrigado!
Existe alguma norma, regulamento, lei ou coisa do tipo que diga que o condutor tenha obrigação de ter algum equipamento extra no veiculo para utilização do guarda da policia rodoviaria federal?
Bom dia, Emily.
Na resolução Nº 5.848, DE 25 DE JUNHO DE 2019 que atualiza o regulamento sobre produtos perigosos, no artigo 8° e 9° tem menção a ter o EPI de acordo com o tipo de produto perigoso. Esse equipamento deve ficar na cabine.
No entanto, não tem menção a ser utilizado em específico pelo agente da fiscalização.
Agradecemos pelo seu comentário. Espero ter ajudado! 🙂
Eu como transportador posso cobrar um percentual sobre o frete, para transportar produto perigoso ?
Bom dia, Alberto!
Esse tipo de percentual pode ser sim inserido como um dos componentes da formação do seu frete. Afinal, a definição do frete, seus valores e componentes que formam o valor final dependem do que cada transportador está considerando e podem variar. Você pode informar isso como uma taxa nos seus CTes, ou apenas imbutir mesmo o percentual gerando o valor final do frete.
Agradecemos pelo seu comentário e qualquer dúvida estamos a disposição!🙂
Eu como transportadora, o que preciso para transportar produto perigoso?
Boa tarde, Kevin.
Dependendo do tipo de material pode haver exigências extras, mas em geral a transportadora precisa se preocupar com as seguintes questões:
– Sinalização dos veículos (painel de segurança e número ONU, rótulo de risco);
– Motorista precisa ter certificado de conclusão do Curso de Transporte de Produtos Perigosos (CTPP), chamado anteriormente de “MOPP”;
– O veículo precisa possuir na cabine os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) exigidos para o tipo de carga;
– Se o transporte for a granel é necessário o Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos a Granel (CIPP) e o Certificado de Inspeção Veicular CIV;
– Demais documentos fiscais para acobertar a carga como NFe, CTe, MDFe etc.
Espero ter ajudado. Um abraço 🙂
Bom dia, caminhões que transportam tintas ,podem ter cozinha? [email protected]
Bom dia, Luís.
Entendemos que a cozinha mencionada por você seja a comum utilizando gás e fogareiro para o motorista cozinhar suas refeições. Se for esse o caso, como a tinta é considerada material perigoso, isso não é permitido. Isso está descrito na RESOLUÇÃO Nº 5.947, DE 1º DE JUNHO DE 2021 conforme o texto do artigo 17, inciso VII, onde ficam informadas as proibições:
Depois, no artigo 41, onde são mencionadas as multas, fica esclarecido que, caso desobedecida essa regra, o transportador pode ter de arcar com multa de R$ 1400,00.
Espero ter ajudado. Um abraço 🙂
Boa tarde!
Se um motorista percebe que está vazando algum produto perigoso enquanto ele trafega na via pública, quais são as ações que cabem a ele (além de sinalizar a área e informar as autoridades)?
Bom dia!
Em consulta ao Manual da ANTT sobre transporte de produtos perigosos, na página 40 tem um exemplo da Ficha de Emergência. Nela estará descrito alguns procedimentos possíveis em caso de vazamento e outras situações. A ação possível irá depender do tipo de produto perigoso. A Ficha de Emergência é repassada ao transportador pelo expedidor dos produtos.
Espero ter ajudado. Um abraço 🙂
Boa tarde
Gostaria de saber qual a o peso limite que posso transportar Produtos Perigosos sem possuir o MOPP
Olá, Rafael.
De acordo com as perguntas frequentes da ANTT sobre o tema, as informações nesse sentido estão disponíveis no 3.4.3 do Capítulo 3.4 do Anexo da Resolução ANTT nº 5.947/21.
Nesse trecho temos que a indicação de que os limites depende de qual o produto, e isso estaria disponível na coluna 8 do anexo: Relação de Produtos perigosos da RESOLUÇÃO Nº 5.947, DE 1º DE JUNHO DE 2021.
Nessa tabela tem os produtos e a indicação e peso por veículo. Por segurança, o ideal é contar com o apoio do seu contador para interpretar e aplicar essas normas de forma correta.
Espero ter ajudado. Um abraço 🙂
Bom dia, preciso de ajuda, preciso transportar etanol, gasolina e diesel,
Em carro caçamba, qual categoria preciso ter, e cursos Porfavor.
Bom dia, Rodrigo.
Sobre os requisitos esperados do motorista você pode encontrar a relação nesse link. O curso exigido no caso é chamado de “curso de Transporte de Produtos Perigosos (TPP)” e aí a categoria da CNH vai depender do peso do veículo envolvido.
Agradecemos pelo seu comentário. Um abraço.