O modal rodoviário é o mais utilizado no Brasil. Mais de 60% da carga é transportada pelas estradas do país. Com o crescimento do e-commerce, a tendência é o fortalecimento desse cenário, o que faz o cross docking ficar ainda mais evidente.
Essa é uma estratégia de movimentação de produtos que visa à redução do tempo da mercadoria nos centros de distribuição e à chegada rápida aos clientes. Devido a esses objetivos, contribui para o aumento da satisfação dos clientes.
No entanto, reduzir o conceito a essa explicação é simplificá-lo. Existem muitos outros detalhes a considerar. Por isso, criamos este guia completo sobre o assunto. Que tal conferir? Vamos começar com a primeira pergunta.
O cruzamento de docas, na tradução para a nossa língua, é uma estratégia de otimização de estoque que visa à melhoria da logística de distribuição de mercadorias para reduzir o tempo de armazenamento e, por consequência, a ocupação de espaços. Para isso, o sistema trabalha com o controle aprimorado dos produtos.
Na prática, o que acontece é que o produto não é armazenado. Ele chega dos fornecedores e segue quase automaticamente para a entrega. Isso acontece por dois motivos: por ser a proposta do cross docking e porque os espaços disponíveis pela empresa são pequenos.
Assim, o funcionamento ocorre da seguinte forma: o cliente realiza o pagamento e a empresa solicita o fornecimento da mercadoria. Ela vai para o centro de distribuição mais próximo do consumidor, é separada e já segue para distribuição aos clientes.
Nesse processo, são utilizadas docas para carga e descarga. Quando chegam, os produtos são fracionados e distribuídos para os veículos, o que torna o procedimento mais ágil. Para chegar a esse patamar, o sistema precisa ter algumas características. As principais são:
A estratégia é divida em três tipos diferentes. Eles consistem em maneiras de aplicar o método no processo logístico. Nesse contexto, as possibilidade são as seguintes.
O modelo mais tradicional para e-commerces tem por finalidade evitar o acúmulo de itens no estoque. Para isso, as mercadorias são encaminhadas do fornecedor para o centro de distribuição. Em seguida, são enviadas ao cliente após uma verificação rápida do pedido.
A também chamada movimentação híbrida é aquela em que os produtos são recebidos e seguem para triagem. Parte é enviada ao consumidor e o restante fica armazenado para esperar outras mercadorias e finalizar o pedido. Nesse caso, o cross docking é combinado ao método de estoque dedicado para dar mais liberdade à empresa com os itens de alto giro.
Esse modelo é, geralmente, usado em negócios B2B (business to business) porque as vendas são em maior quantidade. O propósito é separar e receber os produtos para distribuição em cargas Full Truckload (FTL), isto é, caminhão cheio.
Os tipos ainda são complementados com níveis de cross docking. Veja quais são as opções disponíveis.
O nível 1 é quando os produtos vêm de fornecedores distintos e são alocados em um veículo para entrega imediata aos consumidores. Nesse modelo, inexistem seleção ou separação antes da entrega.
O nível 2 consiste no envio dos produtos ao centro de distribuição. O processo é feito pelos fornecedores a partir da separação em lotes ou caixas. A entrega é realizada em uma região específica.
O nível 3 é o mais abrangente, incluindo a separação e a reembalagem posterior para o envio de cada mercadoria ao cliente que fez o pedido. Esse modelo é ideal para empresas que têm a entrega e a distribuição como etapas vitais à sobrevivência do negócio.
Apesar de ser uma estratégia de logística, o cross docking é apenas uma delas. Outra bastante conhecida é o dropshipping — e saber diferenciá-las é essencial. O conceito da primeira já está entendido.
Por sua vez, a segunda tem a característica de também não trabalhar com estoque. A diferença é que a mercadoria vai direto para o cliente, sem haver intermediação de um centro de distribuição. Como o processo acontece?
A resposta é simples! Os pedidos são enviados pelo fornecedor. Ele encaminha as mercadorias diretamente para o cliente. A empresa, nesse caso, não interfere no fluxo de trabalho e os produtos também passam longe dos seus armazéns.
Um exemplo bem simples ocorre em sites grandes, como Americanas e Dafiti. O produto é divulgado no portal da marca, mas está anunciado com o seguinte aviso: “vendido e entregue por X”. Assim, por mais que a compra e o pagamento ocorra pelo marketplace, a responsabilidade é da outra empresa, no caso, a X.
No cruzamento de docas, como vimos, é diferente. Existe um estoque ou um armazém intermediário, ainda que por um intervalo de tempo curto. Ali, os produtos são empacotados e etiquetados e a distribuição logística é realizada, a partir das diferentes transportadoras ou conforme a gestão de frota elaborada.
A implementação da estratégia depende de um bom sistema para transportadora, a fim de que todos os processos sejam controlados e monitorados. É uma forma de garantir a inovação na logística, ainda que o cross docking, de maneira específica, não seja uma revolução.
Isso acontece porque os benefícios derivados dessa prática são variados. Conheça os principais!
O produto e a embalagem precisam estar em perfeitas condições parta evitar a substituição ou a perda de mercadorias. Quanto maior for o tempo de armazenamento, mais aumenta a margem de ocorrência desses problemas. Com o cross docking, é possível verificar esses aspectos antes do envio ao cliente, a fim de evitar a insatisfação do consumidor.
Além disso, caso a troca seja necessária, o sistema utilizado para a gestão da transportadora permite alinhar as ações de todos os integrantes do processo. Com isso, a substituição é mais rápida.
Os itens armazenados precisam ser bem equilibrados para evitar capital de giro parado e, ao mesmo tempo, atender às demandas. Essa estratégia de logística possibilita trabalhar com o estoque zero, o que reduz os gastos e ainda traz liberdade para a alocação de recursos.
Além disso, há outros custos diminuídos com o passar do tempo. O espaço de armazenagem é menor, o que traz economia com a locação. Outros valores — relativos a luz, segurança, manutenção etc. — são repassados ao fornecedor.
Esse benefício é derivado da fabricação ou do recebimento do produto somente quando há saída. Em outras palavras, a demanda é determinante nesse processo.
A fluidez do fluxo de informações é uma característica do cruzamento de docas. Com isso, os parceiros compreendem as operações e gerenciam a demanda e os materiais de modo sincronizado. O resultado é menos burocracia e a economia de recursos e de tempo.
Para alcançar essa vantagem, é necessário ter um sistema bem implementado e uma boa rede de transportes, com equipamentos e atividades que forneçam o suporte necessário ao fluxo de mercadorias. Esse é o caso dos rastreadores, que permitem saber onde a carga está.
A estocagem de produtos aumenta a incidência de furtos, roubos e desvios. Essas situações causam prejuízos financeiros e comprometem o atendimento e a satisfação dos clientes devido à dificuldade de cumprimento das demandas. No cross docking, há menos chance de ocorrência desses incidentes, porque o tempo de permanência no centro de distribuição é menor.
A utilização do centro de distribuição nessa modalidade ajuda a agregar eficiência. O produto é preparado, separado e enviado de maneira mais rápida — fatores que diminuem as chances de atrasos.
Como inexistem mercadorias empilhadas, as atividades são executadas com agilidade e pouca chance de erros. Essa característica gera até um diferencial competitivo, que faz sua empresa sair à frente da concorrência.
Esse é outro benefício derivado do cross docking. O capital de giro é aquele montante voltado para a manutenção do funcionamento do negócio. Quando você utiliza essa estratégia de armazenamento, reduz os custos. Portanto, precisa de uma quantia menor para a execução das operações.
Ao mesmo tempo, os produtos são adquiridos pela empresa somente depois da venda aos clientes. Com isso, o ciclo financeiro é menor e o giro é maior. O resultado é o aumento do lucro e o fortalecimento do caixa.
Ademais, o capital de giro passa a ser mais bem empregado. Ele pode ser utilizado, por exemplo, para realizar melhorias no ciclo de produção ou para fazer investimentos.
O ser humano está sujeito a erros em qualquer operação realizada. Com essa estratégia, a chance de isso acontecer é menor, porque o produto chega ao cliente por meio de uma operação de despacho.
Como a entrega é feita diretamente pelo fabricante, o processo se torna mais efetivo. No centro de distribuição, o pedido é conferido e todos os detalhes são verificados. Desse modo, há menos chance de a solicitação chegar errada ao cliente e de ele ficar insatisfeito.
O gestor ou o responsável pelo envio do item adquirido pelo consumidor consegue verificar em que local a mercadoria está e qual é seu prazo de entrega, a fim de assegurar seu cumprimento. Isso traz mais controle e segurança para as partes envolvidas.
Por consequência, há a redução do lead time dos pedidos. O motivo é a menor complexidade das operações e a transferência direta dos pedidos aos clientes, que diminui os prazos de entrega.
A supply chain é aprimorada porque o estoque é eliminado. Com isso, um relacionamento próximo entre fornecedores, empresa e transportadora é estabelecido. Todos atuam em prol da eficiência do fluxo do pedido, que exige um alinhamento dos processos.
Neste post, já explicamos vários detalhes relevantes sobre o cruzamento de docas. Você entendeu por que essa estratégia é válida e como é seu funcionamento. Nesse momento, é possível se perguntar: “como implementar a ideia no meu negócio?”. A resposta passa por algumas dicas que apresentaremos abaixo. Confira!
Os softwares de logística são fundamentais nesse processo, porque ajudam a descentralizar as etapas sem perder o controle de custos. Também permitem a identificação de falhas, além de detectar informações, emitir notas fiscais e mais.
Você pode usar, por exemplo, um software TMS (sistema de gerenciamento de transporte). Com ele, gestor e equipe visualizam as operações e executam um planejamento bem elaborado. Isso é possível porque identificam quando o produto será recebido, para onde deve seguir e como a distribuição ocorrerá.
Por sua vez, o ERP (sistema de gestão empresarial) contribui para o planejamento e a alocação e gerenciamento dos recursos. Os benefícios surgem devido à centralização das informações, que facilita a comunicação com clientes e fornecedores.
O cross docking tem como prerrogativa garantir o cumprimento dos prazos aos destinatários e o desenvolvimento dos processos operacionais. O desenho desse planejamento é o pilar para o sucesso da estratégia e a maneira pela qual as ações devem ocorrer em sintonia.
Nessa atividade, considere o dimensionamento da operação a partir de diferentes variáveis, como mão de obra, área, volumes a serem movimentados, sistemas, malha de distribuição, custos, níveis de serviço esperado e mais.
Lembre-se, ainda, de implementar um piloto. Como essa estratégia é complexa, faça testes para encontrar possíveis gargalos. Com isso, você é capaz de eliminar ou reduzir os problemas antes de implementar o modelo de maneira definitiva.
O centro de distribuição é uma etapa estratégica para essa operação. Verifique a localização dos parceiros e dos consumidores para, somente a partir disso, definir o fornecedor mais adequado. Mais que isso, observe suas operações, se ele tem capacidade para atender às demandas atuais e qual é sua flexibilidade para aumentar ou diminuir os pedidos.
Se conseguir trabalhar com um parceiro que já opere nessa modalidade, melhor. A experiência ajuda a aprimorar os processos, especialmente devido ao compartilhamento de informações.
Um sistema de gestão empresarial voltado para transportadoras é essencial para a estratégia do cross docking. Ele centraliza os dados e, por isso, facilita o fluxo de comunicação. Também agiliza as atividades e subsidia as tomadas de decisão, que se tornam mais precisas. O resultado é um fluxo de processos melhor, fluido e que oferece bom atendimento aos clientes.
A equipe precisa ser capacitada para garantir o sucesso da estratégia de cross docking. Mais do que implantar sistemas e ter um centro de distribuição à sua disposição, é necessário contar com mão de obra qualificada e engajada. Ou seja, além da capacidade técnica, os colaboradores precisam entender a importância de levarem o modelo a sério.
Esse aspecto é indispensável porque são as pessoas que gerenciam a operação na rotina diária. Além disso, asseguram a comunicação eficiente com fornecedores e clientes, a fim de organizar os pedidos. Ao contar com esse critério, a chance de sucesso é maior.
O fortalecimento dos canais de contato com o cliente é uma etapa importante da implementação. Os profissionais que atuam no atendimento precisam atender os consumidores e estar dispostos a repassar as informações. Mais que isso, os meios devem ser divulgados aos consumidores.
Tenha em mente que o atendimento é o momento para saber o que está bom e aquilo que pode melhorar. Os clientes são boas fontes de feedbacks e podem ser até fidelizados com a ajuda de uma boa experiência. Portanto, aposte no relacionamento contínuo e que visa ao longo prazo.
O cross docking é passível de aperfeiçoamento constante e requer esse cuidado para evitar problemas. Por ser um modelo inovador, você pode ter prejuízos se deixá-lo rodando sozinho e sem intervenções.
O ideal é buscar melhorias e otimizações para reduzir ainda mais os custos do processos e oferecer uma experiência única aos clientes. Se necessário, adapte o formato, conforme sua empresa evolui. Por exemplo, agora, você pode estar no nível 1, mas depois de alguns meses, chegar ao 2. Tenha atenção a essas mudanças para explorar ao máximo a estratégia.
Esse modelo logístico é bastante adequado a e-commerces, mas também pode ser aplicado a outros tipos de empresas. Esse é o caso das organizações com foco em operações B2B, que têm suas atividades otimizadas com a ajuda do cruzamento de docas.
Em qualquer desses modelos de negócio, vale a pena apostar no cross docking. De toda forma, o processo deve ser feito a partir de um planejamento e gradualmente, já que requer investimentos diversos, por exemplo, em pessoal, locação de centros de distribuição e obtenção de sistemas de controle.
A capacitação da mão de obra é outro fator que leva tempo e exige cuidado. Ainda assim, é importante ter uma equipe especializada para evitar falhas que comprometam a empresa.
Perceba que essa estratégia pode ser adotada desde o início do negócio. Caso ele já esteja em funcionamento, é possível implantá-lo da mesma forma, especialmente se houver a necessidade de reduzir custos e otimizar os prazos de entrega e o atendimento aos consumidores.
Dessa maneira, você consegue ter um diferencial competitivo e agregar valor às operações. Ainda tem a chance de alcançar os objetivos traçados mais rapidamente, em especial porque a satisfação dos clientes melhora a reputação e a imagem da marca no mercado.
A transportadora é o elo fundamental para as operações do cross docking na rotina diária. Como a ideia é que o produto chegue e já siga em direção ao consumidor, fica claro que esse processo depende do modal rodoviário, o mais utilizado no Brasil, como já destacamos.
É por isso que uma rede de transporte eficiente é essencial para o sucesso da implementação da estratégia. Para isso, é preciso selecionar os fornecedores com cuidado. Eles devem ser confiáveis e ter o mesmo padrão de qualidade da empresa. Em outras palavras, transportadora e marca precisam estar totalmente alinhados.
A transportadora ainda deve evitar atrasos e garantir que os pedidos cheguem de forma correta aos clientes. Fica evidente que o trabalho é complexo e exige uma boa coordenação das atividades. Caso contrário, remessas erradas podem ser encaminhadas, atrasos podem ocorrer e ainda é capaz de existirem avarias e perdas durante o processo.
Junto à transportadora — que precisa ser um parceiro estratégico —, é necessário contar com estratégias eficientes. Elas devem fortalecer os impactos positivos do cross docking, em vez de prejudicar as operações.
Lembre-se de colocar todas as dicas de implementação em prática, a fim de evitar os problemas. Mais que isso, conte com a ajuda da tecnologia. Ela permitirá o monitoramento dos processos para alcançar os propósitos esperados, com equilíbrio máximo entre a demanda e o envio de pedidos.
Como vimos, estar em constante evolução é fundamental. Aprimorar os processos ajuda a aumentar ainda mais os benefícios derivados dessa prática. Ao colocar todas essas ideias em prática, você verá que o cross docking faz a diferença no seu negócio.
Agora que você entendeu melhor essa prática, chegou a hora de colocar a mão na massa. Aproveite para saber ainda mais e ver como fazer uma gestão de transportadora realmente eficiente.