Se existe uma questão relevante na logística, é a gestão de transportes. Esse é um ponto relevante e que impacta diretamente a eficiência e eficácia da empresa, bem como sua administração estratégica. Ainda assim, há obstáculos a serem superados. Na realidade, a movimentação das cargas é uma das principais preocupações do setor.
Isso ocorre devido à sua importância e por causar um grande efeito no custo logístico — resultado da soma de estoque, serviços administrativos, armazenagem e transporte. Segundo dados do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS), divulgados pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), os gastos chegam a 12,7% do Produto Interno Bruto (PIB), totalizando R$ 749 bilhões. Somente o transporte equivale a 6,8% do PIB, o que representa R$ 401 bilhões.
Considerando esse cenário e outros aspectos relacionados, neste post apresentamos um panorama com os principais fatores que abrangem o gerenciamento de transportes. Abordaremos sua importância para a empresa, a situação atual, os maiores riscos, a gestão e roteirização, a administração estratégica e a distribuição e como analisar o cenário atual.
Então, que tal saber mais? Acompanhe!
Essa atividade é uma das que mais impactam o custo logístico. Os dados indicam que aproximadamente metade dos gastos é direcionada a essa etapa, que tem uma alta relevância na distribuição. O que esse contexto indica?
A administração de transportes é um fator estratégico e que auxilia a competitividade da organização. Porém, é necessário executar uma gestão eficiente. Isso é um desafio, principalmente se considerarmos que esse processo contempla diversas etapas da cadeia de suprimentos, informações e documentos. Mais que isso: essa atividade exige muito controle.
Para isso, é fundamental investir em tecnologia. Essa é a maneira mais rápida de uma companhia aprimorar sua eficiência logística e atingir um dos maiores objetivos: a redução de custos operacionais. Afinal, gerenciar os gastos é uma tarefa complexa, independentemente do volume da movimentação de cargas.
Nesse cenário, é preciso cuidar de todos os detalhes, como seleção do modelo de execução do transporte, planejamento das operações e procedimentos de gestão e controle. Dessa maneira, se consegue gerenciar melhor, além de evitar falhas e custos desnecessários.
Com os sistemas adequados, é possível estabelecer controles e processos a fim de impedir a ocorrência de prejuízos operacionais. Sem tecnologia, é necessário fazer a conferência manual com o apoio de planilhas simples, o que gera retrabalhos e aumenta a possibilidade de erros.
A consequência do uso de sistemas apropriados para a gestão do transporte é um monitoramento mais amplo das atividades, desde a contratação do serviço até seu pagamento, passando pela execução.
A logística brasileira é muito voltada para o transporte rodoviário. Aproximadamente 60% da matriz é focada nesse modal, segundo dados da CNT. O objetivo de gerenciar esse aspecto é ter um braço operacional eficaz e eficiente para a movimentação de cargas. Esse processo abrange cargas, pessoas e diversos sistemas intangíveis, como energia elétrica, comunicações telefônicas e serviços médicos.
É importante especificar que o valor do frete é alto nesse modal. Isso ocorre porque o caminhão tem um custo de compra relativamente baixo, o que o torna excelente para distribuir pequenos volumes a longas distâncias. Além dos benefícios para esse cenário, outras vantagens do transporte rodoviário são:
Apesar desses pontos positivos, o contexto atual ainda é bastante deficiente, se comparado a outros países. Segundo o levantamento Transporte Rodoviário — Desempenho do Setor, Infraestrutura e Investimentos, da CNT, a malha rodoviária federal pavimentada com a classificação ótimo ou bom passou de 18,7% para 42,7%.
Porém, 57,3% das rodovias públicas possuem condições inadequadas ao tráfego, como deficiências na pavimentação, geometria ou sinalização. Esses problemas elevam o custo operacional do transporte de cargas, além de comprometer a segurança e causar impactos negativos.
Em comparação com os Estados Unidos, o Brasil está muito atrás quando o assunto é a logística e o transporte de cargas. O país norte-americano conseguiu reduzir a relação entre os gastos e o PIB de 15,5% em 1980 para 8,2% em 2013, conforme o ILOS. Essa situação é decorrente do equilíbrio entre os diferentes modais e pela boa infraestrutura alcançada.
Para você ter uma ideia, se o Brasil tivesse a mesma matriz de transportes e empregasse custos iguais, conseguiria economizar R$ 113 bilhões por ano, resultado que representa 37% dos gastos. Por que isso acontece? Falta de investimentos. Nosso país continua com a mesma infraestrutura da década de 1980. Um estudo do Banco Mundial, de 2014, compara os dados de diversos países. Veja conforme a tabela disponibilizada pelo ILOS:
Como é possível perceber, os Estados Unidos, que possuem uma área similar à do Brasil, têm quase 20 vezes mais rodovias pavimentadas. Mesmo o Canadá, que está num patamar bem inferior ao seu vizinho, tem quase o dobro de pavimentação. O resultado desse contexto é um impacto negativo no desempenho logístico.
O mesmo levantamento da CNT apontou que, em 2014, o Brasil ficou em 65º lugar no ranking de desempenho logístico e na 54ª colocação em relação à infraestrutura. É importante destacar que ambos os resultados foram piores que em 2007, primeiro ano de análise.
É por isso que de 2010 a 2012 o Brasil apresentou gastos que variaram de R$ 202,6 para 275,6 bilhões, ainda de acordo com a mesma pesquisa. Os números foram alavancados por um crescimento da demanda de 14% desse modal e elevação do frete de 20% no mesmo período, o que ocasionou um aumento total de 36% no custo.
Qualquer empresa está sujeita a riscos — com as transportadoras é a mesma coisa. Gerenciar essas ameaças é a melhor maneira de organizar, planejar e controlar os fatores que influenciam a movimentação de mercadorias. A consequência e a finalidade dessa prática é reduzir as incertezas que envolvem essa operação.
A questão é que nem sempre é fácil reconhecer os riscos aos quais a gestão dos transportes está suscetível. Ter esse conhecimento é fundamental para fazer uma correta destinação dos produtos aos clientes e aumentar a eficiência. É por isso que a seguir vamos listar os itens que você deve ter atenção.
Essa é uma situação recorrente e que exige o cuidado por parte de lojas virtuais e físicas. No entanto, impacta mais o primeiro segmento. Conforme uma pesquisa da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), divulgada pelo site Painel Logístico, 61% dos e-commerces têm os atrasos como principal entrave.
Esse dado demonstra que as transportadoras precisam ser mais eficientes e focar a melhoria dos seus resultados nesse aspecto. A solução vai além do que simplesmente ter mais caminhões. É necessário efetivamente investir em tecnologia, como ferramentas que comparam capacidade dos veículos, rotas e carga ou soluções de rastreamento.
Perceba que essa medida ajuda a proteger sua empresa de infrações, já que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) estipula a indenização de falhas na prestação de serviços. Em alguns casos, a Justiça determina inclusive o pagamento por dano moral. No entanto, o pior são os prejuízos à reputação organizacional.
Essa é uma ameaça constante para quem transporta mercadorias pelo Brasil. Segundo dados do jornal O Globo, entre 2011 e 2016 o prejuízo com roubos de cargas chegou a R$ 6,1 bilhões. Esse fato faz com que o país esteja na 8ª colocação dos mais perigosos do mundo para essa atividade. Afinal, a média é de um incidente com caminhão a cada 23 minutos.
Somente em 2016 foram registrados 4.056 casos, sendo que os estados com o maior número de ocorrências foram Rio de Janeiro e São Paulo. O pior é que boa parte dos produtos roubados não são encontrados mais. Nesse caso, é imprescindível que a transportadora tenha seguro, como o Gerenciamento de Risco de Segurança (GRIS), para indenizar o cliente, se necessário.
A transportadora precisa ter um cuidado extra com essas questões a fim de evitar a perda de clientes e a reposição de mercadorias. Se o serviço for prestado para uma empresa grande, por exemplo, essas situações podem levar a reestruturações, demissões e balanços negativos.
As interceptações de veículos pela Polícia Rodoviária Federal também podem gerar multas, se a documentação estiver inadequada. Isso ocorre principalmente com a ausência do Documento Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) e do Documento Auxiliar do Manifesto Eletrônico (DAMDFE).
As empresas que atuam nesse segmento passam por um problema bastante evidente e que pode causar prejuízos irreparáveis: a defasagem do valor do frete. Dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), divulgados pelo blog Logística, indicam que existe uma diferença de 14,11% no valor em relação aos custos.
Um dos principais itens que ocasionam essa situação é o combustível. Com os valores cada vez mais elevados, as finanças das transportadoras ficam desequilibradas e isso pode resultar em falência, abandono de carga e outros prejuízos aos clientes.
Outro problema enfrentado por essas empresas são as dificuldades para obter crédito, o que influencia a aquisição de novos veículos para a frota e o recuo na demanda. Com os caminhões parados, há a perda de dinheiro, além de prejuízos com depreciação, gastos com licenciamento e manutenção, e por aí vai.
Uma tendência que atende uma demanda específica de entrega e coleta sistematizada. Essa é a roteirização, um processo que otimiza a definição dos itinerários para ser mais eficiente nas operações da transportadora. O objetivo é aumentar a satisfação dos clientes finais e estabelecer uma parceria sólida com a empresa que contrata o serviço. Por isso, é uma vantagem competitiva para quem presta o serviço.
De modo simplificado, a roteirização auxilia a gerenciar o processo de transporte por meio de uma programação adequada, indicando, por exemplo, qual é o caminho mais rápido para sair de São Paulo e entregar os produtos em Belo Horizonte. O resultado é a entrega feita no menor tempo e com a distância mais curta possível.
Perceba que a ideia da roteirização é complementar o processo tradicional, não alterar. Utilizando o exemplo anterior, de São Paulo a Belo Horizonte, o gestor executará uma série de atividades a fim de programar o serviço, como planejamento orçamentário, dimensionamento da carga, tempo dispendido por janela operacional, regiões que impedem a circulação do modal e outros detalhes pontuais.
Nesse cenário, a roteirização traz mais flexibilização ao processo de transporte de cargas. Além de otimizar os itinerários, pode ser aplicada para a movimentação de passageiros e compartilhamento de veículos. As consequências são a redução do tempo de entrega, a diminuição da emissão de poluentes e o menor desgaste dos elementos mecânicos da frota, porque o ciclo é otimizado.
A implementação dessa ideia depende de tecnologia. Os sistemas utilizados analisarão as rotas otimizadas e quais ações devem ser promovidas para executá-las. Isso acontece por instrumentos tecnológicos, geográficos e físicos, que se ajustam à realidade operacional e efetivamente revolucionam a logística.
Os softwares também usam informações gerenciais, de telemetria e financeiras para transferir dados e alimentar as bases computacionais. Com isso, há mais facilidade para fazer análises, ter um conhecimento multidisciplinar da operação e executar um controle gerencial.
Assim, o gestor consegue distribuir os produtos com mais eficiência, definir as rotas com precisão e programar o uso dos veículos conforme o volume de entregas. Simultaneamente, é possível prever e controlar o consumo de combustível — tão importante em épocas em que o preço aumenta constantemente — e o tempo que a viagem levará.
Observe que essa tecnologia é uma das mais utilizadas pelos grandes embarcadores, junto com o rastreamento de veículos. Apesar de esse último ser mais utilizado, a roteirização também tem um impacto significativo para elevar o nível de desempenho da transportadora. Além disso, é fundamental que as transportadoras de pequeno e médio portes também adotem essa ferramenta a fim de aumentarem seu poder de barganha e competitividade.
É claro que os benefícios somente serão sentidos se a implantação da ferramenta for bem estruturada e se a equipe estiver capacitada. No entanto, a satisfação das empresas que adotam o sistema é positiva. Segundo dados publicados pelo ILOS, chega a 51%.
Tenha em mente que as transportadoras somente se manterão no mercado se conseguirem elevar a eficiência do transporte. Ao mesmo tempo, conseguirão reduzir os custos e aprimorar os serviços fornecidos.
A abordagem desse aspecto da gestão dos transportes está totalmente relacionada ao assunto anterior, a roteirização. Afinal, o gerenciamento das frotas exige cuidados com o balanceamento de cargas a fim de evitar perdas na entrega e no retorno. Em outras palavras, isso significa que o objetivo é otimizar a distribuição para impedir que o caminhão circule totalmente vazio.
Nesse cenário, é preciso abordar a questão da diferenciação de operações de acordo com a capacidade do veículo. A carga fracionada costuma ser utilizada em caso de entregas frequentes — seja por redução dos estoques, seja por exigência dos clientes — e quando os pontos de entrega são distantes entre si.
Desse modo, os lotes têm volume reduzido e são encaminhados a um terminal intermediário, por exemplo, para sofrerem uma nova triagem e, então, serem conduzidos ao destino final. O problema é que, em alguns casos, há mais de um ponto mediano, o que pode aumentar o tempo de viagem e o custo do transporte.
Ainda assim é melhor, nesse caso, que a lotação completa, que prevê que o caminhão esteja totalmente cheio com o intuito de transferir produtos da fábrica a um centro de distribuição. Com isso, há a movimentação de um volume maior de carga, o que reduz o custo por unidade. Outros benefícios são a acomodação dos produtos — que são homogêneos e, por isso, ficam melhor ajustados — e menos operações intermediárias.
Considerando esse cenário, uma pergunta vem à tona: qual a real importância da distribuição na gestão estratégica do transporte? A resposta é simples. Esse processo deve ser inter-relacionado às demais atividades e setores da empresa, porque cada componente que o constitui é um fator relevante para a logística.
Esse aspecto abrange informações diversas, todas relevantes para a operação logística, como quantidade de produtos a serem entregues, cadastro de clientes, acondicionamento das mercadorias e roteiro de distribuição, entre outras. A tecnologia surge novamente para otimizar esse cenário, já que é possível melhorar a preparação dos roteiros de entrega e de veículos, controlar os pedidos, monitorar a frota, devoluções e por aí vai.
Outra questão relevante é o custo de deslocamento do item. O processo de transferência gera um gasto mensurado pela distância e quantidade da carga movimentada. Por isso, é recomendado ter uma estrutura de custos frequentemente atualizada e ajustada. Ao mesmo tempo, é necessário ter colaboradores qualificados a fim de que as atividades sejam bem executadas.
Por exemplo: o motorista e os ajudantes precisam ser orientados para transmitirem ao cliente final uma imagem positiva da organização. Já os profissionais que ficam alocados no centro de distribuição devem conhecer os conceitos básicos de logística a fim de que as ações sejam realizadas conforme os objetivos estratégicos da empresa.
O gerenciamento dos transportes precisa que as atividades atuem no âmbito estratégico. Isso pode ocorrer por meio da chamada logística integrada, conceito que deixa de ver as funções de maneira isolada e se tornam um componente operacional da estratégia de marketing. Nesse cenário, o transporte é um aspecto-chave.
É por meio dele que se deve buscar soluções para aumentar a velocidade e flexibilidade das entregas e respostas ao consumidor. Também é buscado o menor custo possível para que a competitividade organizacional seja elevada. Como fazer isso? É preciso atentar aos trade-offs que impactam o transporte: estoque e serviço ao cliente.
Na visão sem integração, o gestor de estoque tem como propósito reduzir os custos de armazenamento, ignorando qualquer gasto logístico. É evidente que essa atitude impacta outras atividades. Por exemplo: a produção requer uma flexibilidade maior com lotes mais frequentes e menores. Essa situação aumenta o gasto. Da mesma forma, é preciso contar o transporte fracionado, que eleva o valor unitário de movimentação.
Outro critério relevante é a escolha dos modais, já que isso interfere no tempo de trânsito da mercadoria. É o caso de um deslocamento de São Paulo para Recife, que demora 5 dias no transporte rodoviário e 18 no ferroviário. A seleção deve considerar os custos e o nível de serviço esperado pelo cliente.
No caso dos gastos, é preciso abranger todos os aspectos, inclusive os referentes ao transporte porta a porta e os do estoque em trânsito. Já para os itens que têm valor agregado maior se pode optar por modais mais caros e com velocidade mais elevada. Tenha em mente que essa visão isolada precisa acabar para que a eficiência recaia em todas as atividades logísticas executadas.
A logística integrada tem esse componente como principal, porque várias são as funções que impactam a satisfação do consumidor. As principais exigências geralmente são relativas a:
Esses itens estão diretamente vinculados às características e performance de cada modal, especialmente em relação à estrutura de custos e dimensões estruturais.
Mesmo com toda a evolução alcançada nessa atividade, ainda é um desafio chegar a um nível de serviço adequado, que satisfaça os clientes sem incorrer em custos desnecessários. Essa situação é ainda mais visível entre pequenas e médias empresas.
Esse obstáculo pode ser ultrapassado com algumas ações. Uma delas é conhecer o que o cliente valoriza, medida que aumenta a satisfação e possibilita que a transportadora se diferencie da concorrência. Outra é integrar as informações referentes aos vários subsistemas que compõem a transportadora.
É dessa maneira que a gestão do transporte se tornará efetivamente um fator estratégico da logística, que levará a resultados melhores. No entanto, esse processo também requer o aprimoramento da administração de estratégias de redução de custos por unidade. Essa atitude pode ser conseguida pelo profundo conhecimento dos processos e pela busca de caminhos alternativos.
Torna-se evidente que o gestor deve analisar a macroestrutura do transporte a fim de compreender a situação real da empresa, conhecer seus custos e definir critérios para avaliação de desempenho. Desse modo, conseguirá ter acesso a uma ferramenta que ajuda a tomada de decisão e agrega valor ao cliente devido a 3 fatores: redução do gasto operacional, otimização da frota e gestão aprimorada dos resultados.
Assim, as ações estratégicas que mais impactam o desenvolvimento dos transportes em relação à sua colaboração com a competitividade devem ser originárias do planejamento. É necessário pensar em ações que diferenciem sua transportadora de outros concorrentes, como atitudes colaborativas com os clientes.
O resultado é o desenvolvimento gerencial, que integra as atividades logísticas e traz melhorias para os objetivos pretendidos, como o aumento do nível de satisfação do consumidor.
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