A atividade logística no Brasil está intimamente ligada ao sistema de transporte rodoviário de cargas. Isso acontece devido ao fato da soberania desse modal em relação aos outros. Estima-se que 65% da movimentação de mercadorias em território nacional passam por rodovias, segundo um levantamento no Relatório Executivo do Plano Nacional de Logística 2025.
Outros estudos recentes, como o da Fundação Dom Cabral, mostram que empresas logísticas são ainda mais dependentes do modal rodoviário. Pois, cerca de 75% dessas empresas usam essa via para realizar entregas, enquanto outras modalidades como ferroviário, marítimo, aéreo, hidroviário e cabotagem não chegam a atingir nem 10% da operação.
Enquanto alguns especialistas observam esses dados com um olhar de preocupação, devido à subordinação da atividade a um único modal, é preciso também conhecer o papel do sistema de transporte rodoviário de cargas para a evolução do país e entender suas vantagens.
Em um país continental como o Brasil, o sistema é flexível e apresenta pontos positivos. Por isso, é essencial que você, gestor de transportes, entenda em detalhes o funcionamento, as oportunidades e os desafios desse modal para garantir maior eficiência e competitividade na sua operação. Continue lendo este post para aprofundar seus conhecimentos nesse tema!
A malha rodoviária diz respeito ao conjunto de estradas, rodovias, ruas e vias que possibilitam a movimentação de pessoas e cargas por meio terrestre. A malha rodoviária brasileira tem uma extensão total de 75,8 mil km. Desse total, 65,4 mil km correspondem a vias pavimentadas, enquanto 10,4 mil km se encontram não pavimentadas atualmente.
O investimento do sistema de transporte rodoviário de cargas faz parte da história da evolução econômica do país. Ao longo do século XIX, nos governos de Washington Luís e Getúlio Vargas, rodovias começaram a ser implantadas pelo território nacional.
Contudo, foi durante o governo de Juscelino Kubitschek, no final dos anos 50, que o investimento em infraestrutura e expansão do sistema rodoviário foi intensificado, sobretudo devido ao programa de interiorização da capital e aceleração do processo de industrialização em diversos pontos do país.
Em linhas gerais, o sistema rodoviário de cargas é bastante funcional para empresas. Trata-se de um modal flexível — boa parte das regiões do país podem ser acessadas via rodovias, que permitem amplo deslocamento pelo vasto território — e de baixo custo, se comparado a outras modalidades. Os gastos, nesse cenário, giram em torno de itens, como combustível, pedágio, mão de obra e manutenção da frota.
Apesar dos desafios, o sistema rodoviário de cargas não impõe muitas restrições em relação à natureza da carga. Assim, os transportadores apenas precisam estar atentos à legislação, portar os documentos necessários e providenciar veículos compatíveis com as necessidades da mercadoria, o que torna toda a operação mais prática.
O Brasil possui a quarta maior malha rodoviária no mundo. O caminhão é o principal veículo utilizado no sistema de transporte rodoviário de cargas.
De acordo com dados do relatório anual do Registro Nacional de Transportador Rodoviário de Cargas (RNTRC), existem 2.209.440 caminhões registrados na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), entre estes, 1.391.400 deles pertencem à empresas, o que mostra que existe um número significativo de veículos autônomos em atividade. Estes dados correspondem a 2020.
Outro dado interessante no anuário diz respeito à idade média da frota. O sistema de transporte rodoviário de cargas brasileiro é conhecido por apresentar uma “frota velha”. Comparando os dados é possível perceber que a idade média dos veículos passou de 10,3 anos em 2013 para 12,5 anos em 2020. Portanto, houve um aumento da idade média.
Quando se separa por categoria, como no caso de se considerar apenas os caminhões autônomos, o número é ainda mais expressivo, pois em 2020 estes apresentam uma média de idade de 18 anos, enquanto transportadoras mantêm uma pontuação de 9,3 anos. O fator preocupante é que, quanto mais velho o caminhão, maiores são os riscos de acidentes.
O sistema de transporte rodoviário de cargas sofre basicamente com problemas de infraestrutura, que geram uma série de desafios para profissionais de logística. Conheça, a seguir, os principais deles.
Começando pela questão mais conhecida, não é de hoje que se fala sobre as péssimas condições das vias brasileiras. Defeitos na pavimentação e falta de sinalização são algumas das queixas mais comuns. Como mostramos, a maior parte das rodovias brasileiras foram implementadas nas décadas de 60 e 70 e muitas não foram atualizadas.
Desde então, o transporte rodoviário de cargas cresceu, as frotas e a demanda expandiram exponencialmente, e as estradas não foram modernizadas a ponto de atender ao volume de tráfego atual e às necessidades da operação logística de hoje.
Com isso, infelizmente, as estradas se tornaram mais perigosas e essa falta de cuidado resulta em um aumento de até 25% nos custos no setor, principalmente em perdas e avarias nas mercadorias e danos aos veículos.
A violência das estradas também é um grande problema para o sistema de transporte rodoviário de cargas. Em 2020, foram registrados 14.150 casos de roubos de carga, representando um prejuízo de R$ 1,2 bilhão.
Devido à concentração de entregas via modal rodoviário, uma consequência é que estradas vivem congestionadas, o que atrapalha o fluxo de entregas e cumprimento de prazos.
Encurtar distâncias e fazer entregas mais rápidas, eficientes e baratas são prioridades para transportadoras. Hoje em dia, o planejamento de rotas se torna uma função mais que essencial para ter sucesso na logística, uma vez que ajuda gestores a definir melhores rotas e ainda contribui para mitigar riscos.
O sistema fiscal no Brasil é complexo e o transporte de cargas sofre com o impacto da carga tributária no valor final do frete. Uma fatia considerável do faturamento das empresas é destinada ao pagamento de tributos.
Um desafio para tornar a atividade logística lucrativa é lidar com a ociosidade e a falta de carga de retorno. A falta de planejamento faz com que muitos caminhões circulem vazios após realizarem uma entrega, gerando enorme prejuízo.
Os riscos e desafios abordados são amplamente conhecidos por muitos gestores, mas como lidar com a situação da melhor maneira? Existem boas práticas que podem ser adotadas, como reforçar o treinamento da equipe e investir em um cronograma de manutenções preventivas para lidar com problemas em relação ao manuseio da carga e panes.
Contudo, uma grande aliada do gestor logístico moderno é a tecnologia. Com o apoio de sistemas qualificados, o gestor pode:
Apesar dos desafios, o sistema de transporte rodoviário de cargas é uma opção funcional para empresas de diferentes portes e segmentos. Nesse tipo de modal, é possível fazer entregas mais rápidas (door to door) e as encomendas passam por menos etapas de manuseio e movimentação, o que reduz os riscos de avarias. Por isso, é importante conhecer o potencial desse sistema bem como seus problemas para fazer um planejamento adequado e ter uma operação logística de alta performance.
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